
ㅤ
Por que a sorte existe – e por que não se deve contar com ela
ㅤ
Há um mito que coloca a sorte como protagonista ou antagonista de uma história de terror ou um case de sucesso, na qual ela passeia por uma linha tênue entre o amor e o ódio, como diria uma canção do Iron Maiden. E, falando nisso, observamos como, no cenário prático das apostas, a sorte é acompanhada dessas emoções extremas.
Quando um jogador ganha de forma improvável – “deu sorte”. Quando perde por um gol não validado – “foi azar”. Dessa forma, a sorte é tratada como um agente externo, uma aura invisível que define resultados à revelia da competência. E o profissionalismo nasce quando o apostador posiciona a sorte no lugar correto, dentro do seu raciocínio. Ela existe, sim. Mas não como uma variável controladora. Seu destino é apenas ser a variação natural dos resultados dentro de um sistema probabilístico.
A diferença entre o que deveria acontecer e o que de fato acontece, em um conjunto de eventos aleatórios. Essa é a narrativa humana da variância, seja a nosso favor ou contra. Faça dez apostas com valor esperado positivo (+EV) e perca sete delas. Nesse pequeno recorte, soa como azar. Agora, no longo prazo, entre inúmeras apostas, perceba que apenas foi uma expressão natural da variância dentro de um intervalo normal. Portanto, apostador, não tente eliminar a sorte (!). Busque neutralizar o impacto dela por meio de três pilares: Volume, Disciplina e Consistência.
Compreenda que o que difere, de forma intrínseca, jogador e apostador, é o comportamento até o último clique. E, dentro desse processo, está incluído o discernimento de que essa atividade não visa à vidência, e sim a obter preços eficientes e condutas resilientes. Por dentro dessa cultura, reflita sobre como seu capital vem sendo gerenciado, defina exposições proporcionais ao valor esperado da aposta e “lute” sem cessar por uma amostragem robusta. Assim, a sorte será bem diluída.
Quem “conta com a sorte” pode estar fadado ao fracasso, pois construirá sua trajetória sobre areia movediça, transformando a exceção em regra. Esse comportamento pode corroborar de forma destrutiva tanto emocionalmente, por gerar ciclos de euforia e frustração intimamente ligados a descargas dopaminérgicas, quanto matematicamente, pela distorção da percepção de valor esperado, com apostas sem embasamento técnico.
Não seja um jogador em busca de milagres. Continue trilhando o caminho de um apostador que busca processos para sobreviver às variâncias!
A sorte é inevitável, mas, quanto mais competente, maduro e resiliente for o seu processo, menos dependeremos dela. E, aos olhos dos demais que não compreendem, cada vez mais você parecerá sortudo.

ㅤ
Matheus Medeiros, conhecido como M2, graduado em Sistemas da Informação, apostador desde 2019 e torcedor do Club Deportivo Lugo. Atualmente, dedica-se à parceria de serviços para apostadores profissionais. Integra o SPM como tipster e escreve artigos para o Vienna.
ㅤ