As batalhas psicológicas das apostas esportivas

As batalhas psicológicas das apostas esportivas

A passagem de um apostador pelo estágio inicial de sua trajetória se dá pelo acúmulo de conhecimento técnico e pela subsequente aplicação prática dele. Alcançado isso, os obstáculos passam a ser outros. Outros menores, mas, ainda assim, penosos.

Uma dessas adversidades é a guerra mental que cada um enfrenta em seu dia a dia. Algo tratado, geralmente, como trivial, mas que abriga seu perigo justamente nisso, nessa máscara de simplicidade.

O aspecto psicológico nas apostas esportivas é um inimigo traiçoeiro, pois, diferentemente de qualquer outro no meio, não há uma fórmula precisa para lidar com ele.

É saber comum que, para se reduzir a variância, é necessário aumentar a margem. É vastamente difundido que uma amostragem de poucas apostas não lhe garante nada. Mas a psique do emocional é diferente: ela é cheia de nuances, e esse aspecto influencia cada indivíduo de um jeito.

Um grupo de cinquenta apostadores pode estar passando por uma bad run, mas é possível que todos eles a atravessem com uma única solução técnica. Agora, se analisarmos um grupo de cinquenta jogadores que deixaram suas mentes serem tomadas, certamente concluiremos que cada um precisará de um antídoto específico.

Estabelecida a potencial vilania do aspecto psicológico nas apostas, vamos destrinchar aqueles fatores que, com base na minha experiência, são os mais presentes e difíceis de combater.

A priori, um que já é bastante danoso na vida comum, mas que, nas apostas, salienta-se ainda mais: a comparação.

A troca de experiências se tornou algo intrínseco às apostas, seja por meio de redes sociais, grupos ou da própria vida real. E essa troca é essencial para o crescimento do apostador; no entanto, tem seu lado negativo. É preciso ter o entendimento de que você abrirá diariamente as suas redes e, diariamente, será alvejado por resultados positivos de terceiros.

Ninguém está errado em compartilhar seu êxito. Mas nosso nicho cresce exponencialmente dia após dia. É muita gente nele, e todos querem exibir suas boas fases. Portanto, é essencial saber como olhar para isso, dispondo do discernimento necessário para compreender que cada um possui o seu próprio tempo. Deixar-se levar pela armadilha da comparação pode estragar o bom trabalho que está sendo feito.

Outro elemento que pode atrapalhar severamente o apostador é a hipervalorização da recência. Não a recência em uma modelagem ou análise probabilística, mas a recência dos acontecimentos ao seu redor.

Quantos de nós não ficamos mal por um fim de semana que variou negativamente, mesmo estando com um baita mês ou ano? Esse sentimento parece inevitável em nós, mas é preciso suprimi-lo constantemente, pois a sua presença acarreta decisões erradas.

E, abordando essa linha de decisões certas ou erradas, passamos para o próximo: o viés da confirmação. Este toca o espectro técnico do jogo.

O viés da confirmação é um sintoma da nossa condição humana, instintiva. Ele se caracteriza por aquela escolha que você já tomou no seu subconsciente e para a qual só precisa, então, de corroborações.

É natural que determinemos algo involuntariamente com base somente na nossa vontade — desde pequenos ajustes até suposições relevantes. É crucial conseguir identificar ao máximo as nossas ações que são frutos desse viés.

E, para finalizar, o mais famoso desse campo: o Efeito Dunning-Kruger. Porém, não o tradicional — o Efeito Dunning-Kruger Inverso.

Ele acontece quando um profissional subestima o seu entendimento ou, no nosso caso, a sua vantagem. E é sabido que um dos pilares do sucesso nas apostas esportivas é a maximização do seu edge (a sua vantagem).

Deixar-se levar por esse efeito — ou seja, subestimar a sua vantagem em razão do seu próprio conhecimento aprofundado — significa, na prática, deixar dinheiro na mesa e provocar um atraso desnecessário no seu percurso.

O melhor remédio para todos esses reveses é, sem dúvida alguma, o tempo. Quanto mais experiência, mais perceptíveis eles serão e, por consequência, mais fáceis de lidar.

Will é apostador desde 2020. Atualmente está à frente do Vienna Betting Group, onde também atua como tipster, fornecendo picks do seu trabalho, o qual já acumula mais de 6.000 apostas registradas desde 2022.

CATEGORIES

Mentalidade